sábado, março 06, 2021

Terra de ninguém

Terra de ninguém


O agrimensor bateu à porta do castelo,

mas não era ali.

Ainda não passara o portão,

como poderia estar a bater à porta?


Desceu pelos caminhos estreitos

desenhados em sulcos leves entre a urze áspera que preenchia o campo.

Lá em baixo, e ao fundo, disputando o espaço com o céu,

o oceano pulsa gigante em cadência estelar.


Não há ninguém para perguntar pelo caminho do castelo.

Ouvem-se vozes no marulhar das ondas,

Mas não escutam.

São almas paralelas, que voam sem se avistar








algés, 06/03/2021



sexta-feira, maio 08, 2020

https://youtu.be/QPhIWgfsjPM?t=2247


Cultura e personalidade - Aula 286 do Curso Online de Filosofia


37:27

domingo, fevereiro 14, 2010

MARTIN NIEMÖLLER

segunda-feira, novembro 16, 2009

Vazio'

depois de nós

fica o erro que deixarmos,
o amor que construirmos

fica a memória, (que seja boa),
até minguar nos que ficarem depois de nós

segunda-feira, novembro 09, 2009



Em Das Leben der Anderen, a certo ponto narra-se uma anedota corrente na ex-RDA que contava assim: Erich Honecker pela manhã abriu a janela e cumprimentou o Sol com um "bom dia", e recebeu do Sol também a resposta de "um bom dia".

A troca de cumprimentos repetiu-se depois do meio-dia com um mútuo "boa tarde".

Mas já à noite, quando Sol se pôs a poente, o presidente alemão esperou pela resposta do Sol, mas este nada dizia.

Então não me dás as boas noites?, insistiu Honecker, ao que o Sol replicou, não, agora já estou do lado de cá.

Desde então, que soube desta história, cumprimento o Sol pela manhã, pela tarde, à noite, nos dias de chuva, aos sábados e aos domingos.

Até hoje, o Sol nunca respondeu, diz agora ele que continua de noite.

quarta-feira, março 04, 2009

Vazio

a brisa da primavera traz, por vezes

notas de ouro polvilhado de mortes anunciadas

morreu outro que não eu,
e choro a inveja de continuar eu cá

a percepção do vazio
preenche-nos o espírito, ora revelado

pausa reflexiva
mas ansiosa

porque atraída pelo quotidiano
é convocada ao negócio gregário da fratria

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

morte adiada

correm longos cabelos negros
de um mundo desconhecido
revelado no esplendor doce do fenómeno simples do existir

são notas sustenidas
enviadas pelo sublimado e alheio deus

científico, implora seráfico à credulidade ateia
e assim toldando os sentidos
insinua uma bússola sem norte
aos habitantes deambulantes das sombras amargas

'tá mar chão
o cadáver adormece imóvel
no oceano infinito
desmentido pelo horizonte circumnavegante
liberto de intenção
assim jaz
pleno
na remota felicidade
do incomensurável indito

mas sopra uma brisa
incómoda
socrática
lazarenta
que não nos deixa morrer já

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