terça-feira, março 28, 2006

Por caminhos navegados, mergulhamos em alquimias submersas e descobrimos que se esta noite formos vento, talvez a manhã se levante livre de encontros.

A teia densa entrelaça-se em regaços, e uma vez descobertos não fazem de pão rosas...

A frugalidade do eu assim se veste,
dissimulado, numa memória de actor
agora aprisionada pela soberba,
carrasca da rosa dos ventos.

Decapitada a credulidade,
resta vasculhar pelo corpus da superior ciência da poda fecunda,
perdida por carreiros de florestas,
marcados pelas botas dos lenhadores,

ali, encontramos a meada que não queremos perder
mas o dia é curto e o lusco-fusco faz-nos sentar,
a brisa arrepanha as costas suadas
e o arrepio da dor mental estala no peito a vontade amorfa

quarta-feira, março 22, 2006

Hybris


Como uma nuvem insidiosa
carregada de sal negrão
encheu-se o Sol
entrincheirado
na apatia estival da reluzente areia flávia sensabor

Vindo o Outono, soltou-se a insónia,
biombo da introspecção,
guarida do coração desfiado por palavras adiadas;
ora depertas
libertam a dor inaugural que o destino não sara nunca

O gelo agudo da madrugada escondeu-se
pisado pela bátega que encharcou os olhos desmascarados

Anunciado hoje o primeiro Verão
evapora-se agora a semente do decantado encontro
e sobe em cortinas translúcidas o ígneo líquido vital

Os campos vão de novo florir elevando odores revelando-nos

Velado o espírito, revela-se a cidade onde de novo se adia
o rasgar do sulco que denuncia o húmus calcado
e a semente do decantado encontro implode em nada
oculta pela frágil e perpétua membrana do fajo estéril.

terça-feira, março 21, 2006

feedbacklisboa


Faz hoje um ano que iniciei a edição deste blog, a propósito de um ateliê de web-jornalismo realizado nas instalações do Cenjor.
Só agora reparei que nasceu com a Primavera, o primeiro Verão.

A blogoesfera tem a virtude de dar acesso gratuito ao espaço virtual, permitindo a todos fixar a memória que cada um deixa nos conteúdos produzidos ao longo do tempo.

Aqui é deixada a memória anónima ou pública.
Marcam-se posições e criam-se comunidades efémeras ou perenes.
Aqui reproduz-se a opinião publicada e a opinião anónima.

A expressão pública de opinião pretende sempre a transformação do "estado de coisas" reinante nas duas cidades, logo a blogoesfera é um universo de difusão ilusória, ao reproduzir a arquitectura da Praça Pública.

É essencialmente um instrumento de comunicação privada temperada pelo voyerismo tão em voga dos reality shows. Mas isso claro, depende da natureza de cada blog.

Porém, não deixa de ser um óptimo instrumento de comunicação e expressão, que ocupa mais um canto da Praça Pública.

terça-feira, março 14, 2006

SOBRE A ARTE DE MANTER A SUINALIDADE MENTAL

under construction (ie, andâr constraqchane)

terça-feira, março 07, 2006

A GAFFE DE GUTERRES e a pergunta certa

A vida nos ministérios do ambiente, finanças e obras públicas, e AR, corre em feliz compadrio com a presidência do ministério, a Surdez de Belém e a matilha local. Pelo meio fica o obscuro Caleidoscópio Civil paroquial, círculo da preferência cinzenta que replica em transparência de translúcida qualidade o nepotismo genético.

TORRES BIÓNICAS

- Quantos metros quadrados conseguiste?
- Ainda falta para ficarmos a saber (o estacionamento do Mundial está selado por umas horas). Mas é provável que se chegue aos três milhões.

O empreendimento de que falavam chama-se Vinhas Mouriscas. as cores predominantes fustigavam os olhos como o nome magoa os ouvidos.

AGARRADOS

Corriam como doidos pela rua.
Tinham metido mais uma bomba num caneiro de esgoto e estava prestes a explodir. A intenção prestava-se ao resultado pretendido. O efeito da explosão significava mais uma artéria fechada por uns dias.
A administração atolhada em papel emitia mais autorizações de recursos para as reparações, a polícia conseguia novas rubricas no orçamento e o monstro continuava a desenhar o seu labirinto.

COPY PASTE de duascidades.blogspot

Dionísio e Ariana, por André Bandeira

UMA CHARADA LÓGICA SOBRE AS RELAÇÔES INTERNACIONAISNo Olimpo, os deuses discutiam se Ariana era ou não era virgem.A questão era um pouco complicada porque, se Ariana não fosse virgem, não era virgem há uma eternidade. Mas, se fosse virgem, então não podia ficar a ser virgem por uma eternidade, porque não podiam haver duas eternidades, uma antes e outra depois.Em suma: como nos deuses tudo se passava às eternidades e só havia, afinal, uma eternidade, saber se Ariana era ou não era virgem, era uma questão eterna.Depois de se saber que Dionísio tinha passado uma noite com ela, coisa que ele não confirmou nem desmentiu, tentou-se saber em que noite fôra, para deslindar a questão.Ora como a noite sucede ao dia e o dia sucede à noite, desde há uma eternidade, a questão também era difícil.Tentou-se recorrer a um deus menor que actuasse como inspector e chamou-se Aiea, irmã gémea de Aeiou. Mas depois de algum tempo de conversa fiada com Aiea, Ariana não disse nada de definitivo e uma verificação era impossível, mesmo com Ariana a dormir, porque os deuses não precisam de dormir.Depois de muito tempo a puxarem pela cabeça, os deuses não encontraram outra solução que pedir a Dionísio que passasse outra noite com ela, se ele alguma vez tinha passado.Dionísio não disse que sim, nem que não. Por isso, os deuses limitaram-se a deixá-lo a sós com Ariana e ver o que é que acontecia.Contudo, como os deuses se escondem no Passado, ou no Futuro, quando lhes interessa, a única coisa que puderam fazer foi deixar passar algum tempo e, depois, interrogarem Dionísio.Dionísio acabou por voltar a aparecer sózinho mas continuou sem xim, nem mim. Tentar obrigá-lo à força equivalia a uma gargalhada no Olimpo.Foi assim que os deuses decidiram voltar a Ariana.Ariana chamou Dionísio e disse: se não foi ele, não foi mais ninguém, pois ele é que começou a pôr dúvidas sobre a Virgindade no Olimpo.Mas teria sido ele? Ele limitava-se a ouvir as perguntas e ria-se.Ora os deuses não tiveram outro remédio que deslindar a questão dizendo que foi Ariana quem violentou Dionísio.Ariana ficou pelo resto da Eternidade, que era a mesma Eternidade de sempre, sem ser virgem nem deixar de ser e Dionísio aproveitou para a violar em segredo, visto que ela já não seria virgem.Só então é que os deuses repararam que Dionísio não se ria nunca...

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