sexta-feira, maio 12, 2006

LENÇOL

Se eu tivesse um lençol imaculado de inteligência
para resguardar os meus pecados
proclamava-me Papa metrosexual

Abria um sorriso largo de branco falso
embarretava uma peruca loura
seria capa da Vogue
e assinava fariseu

Com a voz do pato Donald reunia tropas na esplanada dondocas
distribuía relógios do rato Mickey
e fazia da mentira compulsiva a bíblia dos tolos

Comia favas até soltar brisas pombalinas
soprava trompetes apocalípticas
e trincava laranjas

Se eu tivesse um lençol imaculado de inteligência
mijava-lhe em cima e não pagava impostos,
guardava o dinheiro para assar carcaças de gnus
regurgitados por corcodilos de pança abarrotada

Se eu tivesse um lençol imaculado de inteligência
catava-lhe a pintelheira e tecia uma trança
para te enforcar

Esfolava-te a carne
e dela fazia creme de pasteleiro,
doce invólucro de castanhas assadas
pelas brasas dos teus ossos carbonizados

Por fim,
(sim, por fim, já chega)
gregoriava-te até à bilís
na mortalha do lençol imaculado de inteligência
e lançava-te na vala comum.

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Comments:
a tua puezia é musgo. verde, fresca, tem vida própria e também serve de fertilizante.
 
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