segunda-feira, outubro 23, 2006

Passar à frente

Há mais alegria e verdade
se nos deixarmos ficar aqui,
no lugar da nossa presença
a descobrirmos as pausas da cidade.

É possível encontrar sinais de deus na cidade
Isso acontece quando nos espantamos

Numa sala de teatro
onde dom juan seduz a distração
na completa ausência de engenho e arte
não se encontra o espanto

"theo"

Mas se nos livrarmos daquele palco mal frequentado
ainda podemos subir ao miradouro
e ver
isso mesmo
ouro

Continuando a ser óbvio
direi que fui ver aquela aldeia feita cidade
Lisboa não pode ser fotografada
Lisboa é para ser mirada, namorada
e repetirmo-nos nela
como estas palavras meladas de monotonia

A única pausa desta cidade
é da outra banda vê-la ao longe
e, quanto mais longe, mais bela.

Mas a ironia também foi convidada
e trouxe com ela a vaidade e o infortúnio,
embora ninguém esperasse o bando

Passou-se de banda e ao largo nos pusémos
ficando a meditar nas notas do deus sinaleiro

gostamos de acreditar que a pausa é a
coincidência
feita presença

puro engano se nela virmos o pretérito

Desçamos então pela face lúdica noética,
e no ethos descubramos theos,
instante ígneo que faz do presente
o original futuro!

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?